google.com, pub-0226795176202024, DIRECT, f08c47fec0942fa0 O paradigma tradicional de um roteiro de cinema - Marcos Bossolon

quarta-feira, 20 de junho de 2018

O paradigma tradicional de um roteiro de cinema

Nos artigos anteriores, apresentamos um roteiro de cinema, falamos sobre suaestrutura (cabeçalho, ação, personagem, diálogo, etc). Nesse artigo falaremos sobra a forma do roteiro, ou como Syd Field diz em “Manual do roteiro”, falaremos sobre o paradigma de um roteiro de cinema.





Um paradigma não é uma regra, mas um modelo, um exemplo. Um roteiro, obviamente, tem seu próprio paradigma. Como mencionamos no primeiro artigo dessa série, um roteiro é uma história contada em imagens. Se o roteiro é uma história ele deve ter “um inicio, um meio e um fim, ainda que nem sempre nessa ordem” (FIELD, Syd; 1982. p. 12). Assim, o roteiro se divide em três partes, a qual chamamos de Atos.

Em geral, um filme tem cerca de duas horas de duração, ou 120 minutos. Geralmente uma página de roteiro equivale a um minuto de filme. É necessário termos isso em mente se queremos entender o paradigma de um roteiro de cinema.

ATO I: Apresentação

O primeiro ato é o inicio da história e consiste em aproximadamente 30 páginas (ou 30 minutos).  Nesse primeiro ato,
“O roteirista tem trinta páginas para apresentar a história, os personagens, a premissa dramática, a situação (as circunstancias em torno da ação) e para estabelecer os relacionamentos entre o personagem principal e as outras pessoas que habitam os cenários de seu mundo”
(FIELD, Syd; 1982. p. 14).

Em outras palavras, o roteirista deve dedicar essas primeiras 30 páginas para apresentar sua história, o protagonista, o mundo que o rodeia e apresentar o problema ou objetivo do protagonista. Em Logan (2017), por exemplo as primeiras páginas do roteiro mostram um Logan envelhecido e depressivo em um mundo onde não existem mais os x-men, tendo que cuidar de um professor Xavier idoso e tentando juntar dinheiro para comprar um barco e fugir do país. Os roteiristas dedicaram as primeiras páginas para apresentar o herói, o mundo que o cerca e a diferença dele nesse filme em relação aos anteriores.



Ato II: Confrontação

O segundo ato tem aproximadamente 60 páginas, seguindo da página 30 até a página 90.  Nesse segundo ato o personagem enfrenta uma série de obstáculos que o impedem de alcançar seus objetivos. O personagem deve enfrentar esses obstáculos para alcançar (ou não) seu objetivo. Cada obstáculo que o personagem enfrenta, serve também para mover a história para frente e transformar o personagem.

Em “Toy Story” Woody tem um único objetivo: Voltar para o Andy. Os eventos ao longo do filme o impedem de conquistar seu objetivo ao mesmo tempo que fortalece o relacionamento entre ele e Bus. Em “procurando Nemo” todos os obstáculos que Marvin e Dory enfrentam impulsionavam sua busca em direção ao objetivo deles. Os obstáculos na trama, oferecem resistência aos protagonistas, mas, em amplo aspecto contribuem para mover a história.



Os obstáculos que os protagonistas superam ditam a ação dramática da história. O conflito é essencial na sua história, sem conflitos não existe história.

Ato III: Resolução

As últimas trinta páginas de um roteiro são chamadas de resolução. Nesse terceiro ato, deve resolver a história. São nessas ultimas páginas que mostramos se o protagonista alcançou seu objetivo ou não, bem como mostrar a mudança nos personagens e em sua visão de mundo. O terceiro ato é a conclusão da história.

Woody consegue voltar para Andy em ‘Toy Story”? como fica seu relacionamento com Bus? Os garotos conseguem perder a virgindade em “American Pie”? Capitão Nascimento encontra um substituto para seu cargo em “Tropa de Elite”? Em “Central do Brasil”, Dora encontra o pai de Josué? E depois disso? Ela fica com ele ou parte? O terceiro ato mostra a resolução do conflito que a história apresenta.



Ato I, Ato II e Ato III, o começo, o meio e o fim da história. Essas três partes compõem o paradigma de um roteiro. Três partes de um todo que é a história. Um paradigma não é uma regra, mas é uma fórmula, um exemplo. Nem todos os filmes seguem esse mesmo paradigma, mas a maioria apresenta uma estrutura semelhante.

No próximo artigo falaremos sobre o Ponto de virada.

A partir de agora, tente ficar atento quando for assistir a um filme e procure entender onde termina ou inicia cada ato. Se tiver dúvidas, sugestões ou mais exemplos, fique a vontade para usar a sessão de comentários.

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