google.com, pub-0226795176202024, DIRECT, f08c47fec0942fa0 O destino de uma nação e a importância da perseverança - Marcos Bossolon

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

O destino de uma nação e a importância da perseverança

Geralmente, quando falamos sobre cinebiografia, pensamos logo em um formato mais documental e realista e menos romantizado. No entanto, em “O destino de uma nação” (The darkest hour) temos um filme brilhante, ainda mais com o incrível Gary Oldman no elenco. O filme elogiado pela crítica, o filme escrito por Anthony McCarten e dirigido por Joe Wight conta com seis indicações ao Oscar, incluindo o de Melhor filme.




Sinopse

Durante a Segunda Guerra, enquanto as tropas nazistas devastam o oeste europeu e ameaçam uma invasão, o recentemente nomeado como primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Winston Churchilll (Gary Oldman) é pressionado a fazer um acordo de paz com Adolf Hitler e deve decidir se cede ao acordo ou luta contra todas as probabilidades.

Não é a primeira opção, é a opção necessária

A historia gira em torno das primeiras semanas de Churchilll no poder, após o antigo primeiro-ministro, Neville Chamberlain (Ronald Pickup) ser tirado do poder. Logo de início, na cena em que um grupo de políticos decidem quem tomara o lugar de Chamberlain, vemos como a grande maioria dos personagens tem algum rancor contra Churchilll. Eles demonstram-se relutantes em escolhe-lo. Churchilll não é a primeira opção, mas é a opção necessária no momento.

Até mesmo o Rei Jorge VI (Bem Mendelsohn) se mostra contrario a ideia. O encontro entre o Rei e Churchilll no final do primeiro ato quando é feita a nomeação de Winston, vemos como Jorge demonstra não gostar da ideia, nem da pessoa de Winston.

Conflitos

Se conflitos são necessários para a trama, como falamos no artigo sobre “The Post”, isso é o que não falta em “O destino de uma nação”. Temos conflitos mais que o suficiente para serem explorados em torno do polêmico primeiro-ministro. Um dos principais conflitos se da com a rivalidade entre Winston e Lord Halifax (Stephen Dillane), seu principal opositor e um dos membros que mais o pressiona ao acordo de paz. 

Winston também é polemico entre os ministros e demais políticos, o que gera muitos conflitos durante o filme e em seus discursos. Os conflitos mais quentes se destacam durante as reuniões no conselho de guerra, onde Winston é pressionado pelo acordo de paz e discute o resgate das tropas em Dunkirk.

Mesmo não tendo destaque nas telas, os conflitos da guerra são marcantes ao longo do filme. Não precisamos ver batalhas e soldados lutando para perceber que as tropas Alemãs estão dominando o oeste europeu. Isso é anunciado em diversos momentos do filme. Assim, existem conflitos que não são mostrados diretamente na história, mas percebemos através do impacto que esses conflitos geram.

Além dos conflitos mais dinâmicos, temos conflitos sutis em outros momentos, como durante as reuniões com o Rei Jorge VI. Com diálogos recheados de classe e calmos, mas que não escondem as desavenças sutis entre os dois.

No entanto, os conflitos internos do personagem são os mais interessantes. Pressionado por todos e diante da ameaça de uma invasão, vemos Winston passar por diversos conflitos internos enquanto se desdobra para ir contra seus conselheiros de guerra.

As várias faces de Churchilll

Quando digo que os conflitos internos são os mais interessantes é por que é exatamente aí que vemos nitidamente as transformações do protagonista. Através da ótica de diferentes personagens, vemos um Churchilll se comportando de forma diferente dependendo da pessoa com quem ele interage.

A primeira impressão que temos de Winston é através de sua secretária, Elizabeth Layton (Lily James) onde vemos um Winston cético e difícil de lidar. No entanto, essa impressão muda com o passar do filme e conforme a amizade entre os dois crescem. Layton passa a despertar a sensibilidade e compaixão em Winston.


Através de sua esposa, Clementine Hozier (Kristin Scott Thomas), vemos um Churchilll amoroso, brincalhão e humano. São nas cenas com sua esposa que vemos Churchilll ficar mais frágil.

As cenas com o Rei Jorge VI, mostram Winston sábio, nobre e estratégico, enquanto durante os conselhos de guerra sua interação com o rival Halifax ele se mostra mais arrogante, durão e de pulso firme.

Transformação do personagem

Todos os conflitos e pressões levam o protagonista a transformar-se ao longo do filme. Não só sua transformação diante do relacionamento com Layton, mas também em sua personalidade.

No início, vemos Winston com pulso firme, decidido e com discursos fortes e decididos. Ele sabe o que quer falar e quais palavras escolher. É fácil perceber seu espírito forte através das palavras que ele diz para que Layton escreva.

Mas ao longo do filme, vemos ele se quebrando cada vez mais conforme seus planos vão fracassando e ele se vê encurralado e sem alternativas. O Winston firme com palavras decididas cede gradativamente, espaço para um Winston mais frágil e incerto. Chegando ao momento em que ele precisa ditar para Layton escrever uma carta anunciando sua intenção de ceder ao acordo de Hitler. Ele mal consegue pronunciar as palavras, chegando a balbucia-las e gaguejar, algo incomum do personagem até aquele momento. Um momento impressionante em que vemos ele tendo dificuldades de encontrar o termo certo enquanto ouvimos, de fundo, um discurso de Hitler.


É incrível ver como o pulso firme do protagonista cai e se quebra, deixando-o depressivo e derrotado. Esse é o momento que chamamos de “queda a morte” na jornada do herói. O momento em que nosso protagonista é derrotado.

É emocionante, no entanto, a cena em que Winston encontra-se com a população britânica num vagão do metrô e conversa com cada um sobre o destino da guerra. Essa emocionante cena é o que traz novamente as forças a Winston que representa a vontade da nação de não abaixar a cabeça e lutar até o fim.


Toda essa transformação é executada de forma brilhante por Gary Oldman fazendo-o merecer a indicação de melhor ator para o Oscar desse ano.

Os bastidores da Operação Dínamo

Um fato interessante sobre “O destino de uma nação” é que esse filme mostra os bastidores da operação retratada em outro filme nomeado ao Oscar: Dunkirk.  Um dos maiores desafios de Churchilll durante o inicio de seu mandato foi o resgate de 300 mil homens nas margens de Dunkirk que estavam cercados pelas tropas Nazistas.

Patriotismo e perseverança

Uma das mensagens bem claras do filme é propagar o patriotismo e não desistir dos objetivos nem abaixar a cabeça. Mesmo diante de dificuldades enormes e fracassos, devemos ter coragem de continuar até o sucesso. Se Churchilll tivesse desistido e se entregado à Hitler, provavelmente veríamos uma vitória dos Nazistas sobre os aliados.




O destino de uma nação estreou no dia 11 de Janeiro nos cinemas nacionais e recebeu seis indicações ao Oscar. É um filme político, eletrizante e brilhante. E você? O que achou de “O destino de uma nação”? Acha que ele leva quais prêmios do Oscar desse ano?

3 comentários:

  1. Sem dúvida Churchill foi um dos grandes estadistas do século XX, principal responsável pela vitória dos aliados derrotando os alemães.

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  2. Parece um ótimo filme, amo os filmes desse género. Um diretor reconhecido consegue chegar ao êxito graças ao seu esforço, Christhoper Nolan tem feito excelentes trabalhos que se notam desde suas primeiras produções. Dunkirk soma a lista dos seus êxitos, realmente é um filme que emociona ao espectador, simplesmente é um dos melhores filmes sobre a segunda guerra mundial. Não tem dúvida nenhuma que o seu trabalho, junto com todo o elenco deu como resultado um filme inesquecível.

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    1. Olá, Flávia. Também amei Dunkirk. Nolan conseguiu fazer um filme que nos transfere para o cenário da guerra. em diversos momentos enquanto eu assistia senti um pouco do desespero dos soldados, da falta de esperança, da tristeza pelo fracasso e a emoção de ser bem recebido em casa.
      Muito obrigado pelo comentário! :D

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