google.com, pub-0226795176202024, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Lady Bird: A arte imitando a vida - Marcos Bossolon

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Lady Bird: A arte imitando a vida


Existem muitos filmes sobre a adolescentes na historia da sétima arte. Alguns tornam-se clássicos Cult, como O clube dos cinco. Mas poucos focam tão bem na crise existencial da adolescência quanto Lady Bird, escrito e dirigido por Greta Gerwig. O longa que recebeu cinco indicações ao Oscar desse ano e tem 99% de aprovação no Rotten tomatoes é fiel e realista ao tratar de uma fase crucial na adolescência: o momento em que procuramos nossa independência e identidade própria.

Sinopse

No ano de 2002 em Sacramento,Christine McPherson (Saoirse Ronan) ou Lady Bird, como ela mesmo se denomina, está no ultimo ano do ensino médio e sonha em fazer faculdade longe de sua cidade natal, Sacramento. A ideia é rejeitada por sua mãe, Marion (Laurie Metcalf), por não ter condições financeiras para pagar os estudos da filha, gerando muitos desentendimento entre as duas.

Mãe X filha

Um dos principais temas em Lady Bird é o conflito entre mãe e filha na adolescência. Nós somos apresentados à essa sensível relação nas primeiras cenas do filme em que uma simples conversa no carro sobre colocar ou não uma musica para tocar  se transforma em uma briga. É interessante notar como essa cena se desenrola e a intensidade entre as duas aumenta rapidamente mas, ao mesmo tempo, natural.

Em um momento elas estão emocionadas ao ouvir “The Grapes of Wrath” e em poucos segundos a briga chega a um nível extraordinário. Primeiro começando com a diferença de opiniões sobre ouvir ou não musica o resto da viagem, depois chegando ao nível em que elas discutem se Lady Bird pode ou não fazer faculdade fora do estado, se ela é capaz, suas atitudes até que a protagonista simplesmente abre a porta do carro e se joga.



Quase todas as cenas entre essas duas personagens se desenvolvem da mesma forma. Com variações intensas entre carinho e raiva, ou vice e versa. Mas não é exatamente assim o relacionamento entre mãe e filha da maioria das mulheres?

Há uma cobrança por parte de Marion com Christine, cobranças difíceis de alcançar. Lady Bird sente-se cansada da rigidez da mãe ao mesmo tempo que deseja sua aprovação.  A mãe sente que Lady Bird é ingrata com as coisas que seus pais lhe dão com muito esforço. Lady Bird deseja algo mais para sua vida. Um relacionamento complexo e complicado de mãe e filha.

O drama da classe média

Além do relacionamento complexo entre mãe e filha, “Lady Bird” dialoga com as dificuldades da classe média baixa dos Estados Unidos. Acima de tudo em uma perspectiva de uma garota que sonha com uma vida mais luxuosa e moderna.

Lady Bird não vive entre as famílias mais ricas de Sacramento, mas deseja viver. Sua família não pode pagar uma boa faculdade fora do estado, mal consegue se sustentar.


Vemos essa dificuldade financeira principalmente no cenário de sua casa e na dinâmica de sua família. Eles dividem um único banheiro e a casa é pequena e apertada em alguns cômodos. As finanças sempre vêm à tona durante as discussões e frequentemente vemos sua mãe preocupada com as contas.





Vemos também a hipocrisia dos personagens, característicos da classe média, como veganos que usam roupas de couro. Jovens pseudo-anarquistas. Garotas ricas que falam mal das professoras pelas costas, mas dizem que não gosta de mentiras... Em resumo, jovens sendo jovens...

Insatisfação com o próprio status

Lady Bird deseja a qualidade de vida da alta classe. Ela e sua melhor amiga, Julie, gostam de caminhar pelo bairro mais chique e apreciar as belas casas daqueles mais afortunados. Elas lêem revistas e desejam ser como as mulheres nas capas. O programa favorito de domingo dela e da mãe é visitar casas chiques que estão à venda.



Como todo adolescente, Lady Bird passa por um momento em sua vida em que não sabe exatamente o que quer e deseja ser algo que não pode ser no momento. Ela não está satisfeita com o que tem e quer, de algum modo, se libertar daquela gaiola chamada Sacramento.

Esse é o ponto do filme: Lady Bird quer independência e ter sua própria identidade. Assim como os pássaros devem aprender a voar e sair de seus ninhos em algum momento, Lady Brid quer deixar seu ninho também.

A arte imitando a vida

Lady Bird é um filme realista e por isso é fácil do público se identificar. A vida dos personagens é semelhante à vida dos espectadores e muito fácil de se identificar, principalmente por aqueles que estão passando ou ja passaram pela fase em que sai do Esnino médio e segue para a faculdade. Eu diria que é um dos melhores filmes que já assisti sobre adolescência. 


Lady Bird estreou nos cinemas nacionais ontem (15) e é um filme bonitinho e ao mesmo tempo realista. Um ótimo filme que fala sobre relacionamentos familiares e aquela complicada fase da vida onde saímos do Ensino médio e temos que decidir o que fazer com nossas vidas. A jornada para se tornar a melhor versão de nós mesmos.

E você? O que achou do filme? Acha que ele pode levar algum dos prêmios do Oscar desse ano? Comente suas opiniões.




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