Na outra postagem expliquei o
que é um roteiro de cinema e suas principais diferenças dos romances e outras
obras literárias que estamos acostumados a ver. Hoje daremos continuidade em
nossos estudos falando dos elementos que existem em um roteiro de cinema.
Os Principais componentes
presentes em um roteiro são o Cabeçalho, a Ação, os Personagens, Os diálogos, a
Rúbrica e a Transição.
1 – Cabeçalho
O objetivo do Cabeçalho é
indicar o espaço e o tempo em que acontece a ação. Syd Field (1982. P 117) diz
que a cena precisa de duas coisas: Lugar e tempo. Segundo ele, “você tem que
saber essas duas coisas antes que possa estruturar ou construir a cena”(FIELD;
SYD, 1982, p. 117). No geral o cabeçalho possui três informações principais.
A primeira indica se a ação
ocorre em um ambiente Interno (casa, quarto, sala, escritório, etc) ou em um
ambiente externo (Jardim, bosque, rua, campo, etc). Esses termos são abreviados
por INT (para interior) e EXT (para exterior).
A segunda informação indica
onde ocorre a cena. Por exemplo: Cozinha, sala, padaria, rua, terraço, estrada,
etc
A terceira informação indica o
tempo que ocorre a cena. Mais precisamente o momento do dia. Por isso, o mais
comum é encontrarmos termos como DIA, TARDE, NOITE... caso seja necessário para
a narrativa. pode haver também o horário específico.
Quando acontecem duas cenas no
mesmo local, mas em momentos diferentes, é necessário criar um novo cabeçalho
indicando a alteração do tempo. Muitas vezes é comum ver o termo “Algum tempo
depois” na indicação de tempo. Lembre-se sempre que “se você muda o lugar ou o
tempo ela se torna outra cena” (FIELD; SYD, 1982, p. 117), portanto deve ser
criado um novo cabeçalho.
Além dessas três informações, o
roteirista pode optar por incluir mais informações extras com a intenção de
facilitar o entendimento da equipe e do diretor, no entanto, não é recomendado
incluir uma grande quantidade de informações pois pode poluir o texto.
Há outro tipo de cabeçalho que
é a Tela escura. Esse termo indica que nenhuma imagem aparece na tela. As vezes
pode aparecer um texto ou apenas descrever sons.
2 – Ação
A ação descreve os personagens
e os eventos dentro da cena. Syd Field diz que um roteiro “é sobre uma pessoa,
ou pessoas, num lugar, ou lugares, vivendo sua coisa. (...) A pessoa é o
personagem e viver sua coisa é a ação” (FIELD; SYD, 1982, p. 12).
A ação deve ser concisa e
objetiva. Sua função principal é explicar de forma eficiente os eventos de uma
cena com o mínimo de palavras. Lembre-se: menos é mais. Um roteiro tem que ser
limpo e preciso para auxiliar a produção e os atores.
O tempo verbal na ação é sempre
no presente do indicativo. Nuca no pretérito. O personagem não sentou na
cadeira, ele SENTA na cadeira.
Outro detalhe importante para
se lembrar é que quando um personagem aparece pela primeira vez na história,
seu nome é sempre escrito em caixa alta. É comum também colocar, quando
necessário, a idade ou algumas características dos personagens entre colchetes
ou parênteses.
3 – Diálogo
Os diálogos são o jogo de falas
entre os personagens dentro da cena. Enquanto a ação descreve os eventos de uma
cena, os diálogos mostram as opiniões e os sentimentos dos personagens a
respeito daqueles eventos.
Syd Field (1982, p. 150) lista
os principais propósitos de um diálogo. Segundo ele, o diálogo:
·
Move a
história adiante
·
Comunica
fatos e informações ao leitor
·
Revela
o personagem
·
Estabelece
os relacionamentos os personagens
·
Empresta
realidade, naturalidade e espontaneidade ao personagem
·
Revela
o conflito da historia e personagens
·
Revela
o estado emocional do personagem
·
Comenta
a ação.
Os diálogos devem ser fiéis às
características dos personagens. Se o personagem for da alta classe falará de
forma diferente de outro personagem da periferia.
Particularmente, escrever diálogos é uma
tarefa difícil. Escrever bons diálogos mais ainda. Nem sempre a maneira como
conversamos da certo na tela, mas se afastar muito disso pode perder a
verossimilhança. É necessário prática para atingir a perfeição.
3 – Rúbrica
A rubrica é geralmente utilizada para
qualificar alguns aspectos físicos da fala dos personagens, como “sussurrando”
ou “com sotaque x”... Através da rubrica o roteirista informa ao diretor e ao
ator esses tipos de informações.
No entanto, é recomendável evitar a rubrica
pois um roteiro bem escrito provavelmente já indicará ao leitor esses atributos
através da ação e da fala do personagem.
A rubrica em excesso também pode interferir no trabalho do diretor e do
ator. Lembre-se, cada um tem seu papel em um filme.
4 – Transição
A transição indica como será feita a edição
do final ou do inicio de uma cena. As transições mais comuns são:
·
Corta
para: Indica um corte brusco na cena, iniciando a próxima logo em seguida
·
Fade
in: utilizada no inicio da cena. Indica uma revelação gradual da imagem.
·
Fade
out: Usado no final da cena. Indica um obscurecimento gradual da imagem.
Esses são os elementos principais presentes
em um roteiro. Com essas técnicas já é possível elaborarmos nosso roteiro.
Claro que existe uma formatação padrão de um roteiro, mas para facilitar isso
podemos utilizar de alguns softwares específicos para a criação de um roteiro.
Existem ótimas opções gratuitas como o Celtx ou o writerDuet (online). Mas se você
estiver disposto a investir uma grana nisso, o melhor é o Final Draft.
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